segunda-feira, 11 de maio de 2015

A educação do homem antigo


                           


Esparta e Atenas


Para ser eficaz, toda educação imposta pelas classes proprietárias devem seguir as três finalidades essenciais seguintes: primeiro - destruir os vestígios de qualquer tradição inimiga, segundo - consolidar e ampliar sua própria condição de classe dominante e terceiro - prevenir uma possível rebelião das classes dominadas.

O ideal pedagógico já não pode ser o mesmo para todos; não só as classes dominantes têm ideais muito distintos dos da classe dominada, como ainda tentam fazer com que a massa laboriosa aceite essa desigualdade da educação, como uma desigualdade imposta pela natureza das coisas, portanto, contra a qual, seria loucura rebelar-se.

Possuidor de terras, proprietário de escravos e guerreiros, eis aí o homem da classe dominante. Em relação a educação que necessitava esse homem, Esparta e Atenas apresentavam aspectos diferentes.

Quando olhamos friamente, surge em toda a sua expansão o caráter de classe da educação espartana. Sociedade guerreira formada à custa do trabalho ilota e do comércio do perieco, Esparta se apropriava e vivia as expensas do trabalho alheio. Integralmente dedicado a sua função de dominador e guerreiro, o espartano nobre não cultivava outro saber que não fosse o das armas e não só guardava para si esse conhecimento como castigava ferozmente os oprimidos que tentassem se apropriar dos mesmos.

Como maior produtora de mercadorias do que Esparta, as circunstancias não impuseram a Atenas uma organização estritamente militar. As representações nos teatros, conversas em banquetes e as discussões na Ágora reforçavam nos jovens a consciência da sua própria classe, como classe dominante.

Ainda que submetidos a uma disciplina menos brutal do que a que imperava em Esparta, os jovens atenienses também consideravam a guerra como sua ocupação fundamental. Da mesma forma que entre os espartanos, em Atenas havia total desprezo pelo trabalho.

-Roma

Os filhos dos proprietários recebiam sua educação ao lado dos pais, acompanhando-o nos trabalhos, escutando as observações, ajudando-o nas suas tarefas mais simples. Uma vez que a riqueza provinha da terra, era natural que as coisas agrícolas assumissem para os jovens uma importância fundamental.

A agricultura, a guerra e a política constituíam o programa que um romano nobre deveria realizar: para aprendê-lo, a única maneira era a prática.  Aos vinte anos, o jovem nobre que já sabia arar a terra e que havia assistido a alguma batalhas no exército e no senado, estava pronto para a vida pública.

Segundo o conceito dos romanos, o “orador’’ era o homem por excelência. O orador é o verdadeiro político, homem nascido para a administração dos assuntos públicos e privados, capaz de reger o estado com os seus conselhos. Era essa, em suas linhas mestras, a educação e o ideal de um romano.

A necessidade de se fazer uma “nova educação’’ começou a se fazer sentir em Roma a partir do século IV a.C., da mesma forma que, um século atrás, na Grécia, no mesmo momento em que a antiga classe aristocrática e rural, começa a ceder posições a outra classe se firmava, a comerciante e industrial.  O desprezo por toda a forma de trabalho, não deixou ser, por isso, o traço fundamental da nobreza.

Mas como já dissemos anteriormente, a partir do século IV a.C., os membros da nova classe começaram a ter opinião diversa. Achando insuficiente a educação ministrada até então aos nobres, começaram a exigir uma nova educação. Apareceu, então, em Roma, da mesma forma que anteriormente na Grécia , uma turba de professores: os ludimagister, para educação primária, os gramáticos para a média, e os retores, para a superior.

PONCE, Aníbal. Educação e luta de classes. São Paulo: Cortez, 2001. p. 35-80 
Encontro 3°

 

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