Depois de
assegurar a grandeza do mundo antigo, a economia fundada sobre o trabalho
escravo provocou, insensivelmente, o seu desmoronamento.
À medida que
os povos conquistados deixavam de fornecer escravos e riquezas, mais aumentava
os impostos, as taxas, as requisições. A
miséria foi crescendo de tal forma, que a exploração dos domínios
enormes – latifundia - por
verdadeiros exércitos de escravos já não produzia renda compensadoras. O
cultivo em pequena escala voltou a ser o único que compensava, o que é a mesma
coisa de se dizer que a escravidão se tornou desnecessária.
Um novo
regime econômico começava a se estabelecer, fundado não mais através do
trabalho escravo e do colono, mas sobre o do servo e o do vilão. Os vilões
descendentes dos antigos colonos romanos, eram livres ou francos. Não se
vendiam ofereciam-se. Teoricamente o vilão firmava com o senhor um contrato
como um homem livre, o servo não firmava contrato, nem era livre. Descendente
dos antigos escravos o servo estava, como aqueles, ao serviço total do seu
senhor, e não podia, em momento algum abandonar o seu serviço.
A religião
cristã, que nos seus começos escarnou os ideais confusos, mas rebeldes, dos
exploradores de Israel, encontrou entre os romanos que nada possuíam uma
atmosfera propícia para a sua difusão. Perseguido a principio como uma ameaça,
o cristianismo foi atenuado pouco a pouco o seu ímpeto inicial, de tal modo
que, quando, no descorrer de poucos séculos, se transformou na religião do
Império, ele já havia perdido totalmente a sua primitiva significação.
Enquanto o
escravo e o servo sofriam sob os seus senhores, o cristianismo
proclamava que eles eram iguais diante
de Deus.
Historiando a
origem da moeda, E. Curtis afirmou que os “ templos foram o berço da
civilização monetária. O Templo de Delos, não só acumulavam grandes riquezas,
como ainda faziam empréstimos a particulares, e até mesmo ao estado. Portanto a
igreja Católica apenas estava sendo continuadora de veneráveis tradições, e se
dedicou a essa função com tal zelo que, em poucos séculos, passou a controlar
quase toda a economia feudal
Em um regime
como o Feudal, baseado exclusivamente no trabalho da terra, é pleonasmo
ressaltar a importância de uma instituição que não só tomou em suas mãos a direção da agricultura, como organizou
laboriosamente a primeira economia estável.
A economia do
Senhor Feudal repousava, em primeiro lugar,
sobre um aglomerado de produtores
servis que trabalhavam para ele sem se ajustar a um plano comum, e, em segundo
lugar sobre as riquezas aleatórias que as guerras e os saques lhe
proporcionavam.
Toda a
riqueza que chegava na mão do nobre era para ser gasta, por outro lado todas as
riquezas que chegavam ao monastério eram
entesouradas e aumentadas. Além disso é bem sabido que o celibato foi imposto
ao clero principalmente para evitar que as riquezas acumuladas passassem a
herdeiros particulares, ao invés de continuarem concentradas na comunidade.
Os
monastérios se converteram, por causa das sua riquezas, em instituições de
empréstimos e em poderosos centros de
crédito rural.
Dispondo de
semelhante poderio, nada tem de assombroso o fato de que os monastérios também
tivessem sido as primeiras “escolas” medievais. Desde o séculos VII,
encontramos monastérios espalhados por todos os países que constituíram o velho
Império Romano.
Desaparecidas
as escolas pagãs, a igreja se apressou em tomar em suas mãos a instrução
pública.

A nobreza
careceu de escolas no sentido estrito, mas não de Educação. A nobreza medieval
formava os seus cavaleiros através de sucessivas “iniciações”. O jovem nobre
vivia sob a tutela materna até os sete anos, ocasião que entrava como pajem ao
serviço de um cavaleiro amigo. Aos quatorze, era promovido a escudeiro, e nessa
qualidade acompanhava o seu cavaleiro às guerras, torneios e caçadas. Por volta
dos vinte um anos, era armado cavaleiro.
PONCE, Aníbal. Educação e luta de classes. São Paulo: Cortez, 2001. p.81-109.Encontro 4°