segunda-feira, 11 de maio de 2015

A Educação do homem feudal

 

 

Depois de assegurar a grandeza do mundo antigo, a economia fundada sobre o trabalho escravo provocou, insensivelmente, o seu desmoronamento.

À medida que os povos conquistados deixavam de fornecer escravos e riquezas, mais aumentava os impostos, as taxas, as requisições. A  miséria foi crescendo de tal forma, que a exploração dos domínios enormes – latifundia -  por verdadeiros exércitos de escravos já não produzia renda compensadoras. O cultivo em pequena escala voltou a ser o único que compensava, o que é a mesma coisa de se dizer que a escravidão se tornou desnecessária.

Um novo regime econômico começava a se estabelecer, fundado não mais através do trabalho escravo e do colono, mas sobre o do servo e o do vilão. Os vilões descendentes dos antigos colonos romanos, eram livres ou francos. Não se vendiam ofereciam-se. Teoricamente o vilão firmava com o senhor um contrato como um homem livre, o servo não firmava contrato, nem era livre. Descendente dos antigos escravos o servo estava, como aqueles, ao serviço total do seu senhor, e não podia, em momento algum abandonar o seu serviço.

A religião cristã, que nos seus começos escarnou os ideais confusos, mas rebeldes, dos exploradores de Israel, encontrou entre os romanos que nada possuíam uma atmosfera propícia para a sua difusão. Perseguido a principio como uma ameaça, o cristianismo foi atenuado pouco a pouco o seu ímpeto inicial, de tal modo que, quando, no descorrer de poucos séculos, se transformou na religião do Império, ele já havia perdido totalmente a sua primitiva significação.

Enquanto o escravo  e o servo  sofriam sob os seus senhores, o cristianismo proclamava  que eles eram iguais diante de Deus.

Historiando a origem da moeda, E. Curtis afirmou que os “ templos foram o berço da civilização monetária. O Templo de Delos, não só acumulavam grandes riquezas, como ainda faziam empréstimos a particulares, e até mesmo ao estado. Portanto a igreja Católica apenas estava sendo continuadora de veneráveis tradições, e se dedicou a essa função com tal zelo que, em poucos séculos, passou a controlar quase toda a economia feudal

Em um regime como o Feudal, baseado exclusivamente no trabalho da terra, é pleonasmo ressaltar a importância de uma instituição que não só tomou em suas mãos  a direção da agricultura, como organizou laboriosamente a primeira economia estável.

A economia do Senhor Feudal repousava, em primeiro lugar,  sobre um aglomerado de  produtores servis  que trabalhavam para ele  sem se ajustar a um plano comum, e, em segundo lugar sobre as riquezas aleatórias que as guerras e os saques lhe proporcionavam.

Toda a riqueza que chegava na mão do nobre era para ser gasta, por outro lado todas as riquezas que chegavam ao monastério  eram entesouradas e aumentadas. Além disso é bem sabido que o celibato foi imposto ao clero principalmente para evitar que as riquezas acumuladas passassem a herdeiros particulares, ao invés de continuarem concentradas na comunidade.

Os monastérios se converteram, por causa das sua riquezas, em instituições de empréstimos  e em poderosos centros de crédito rural.

Dispondo de semelhante poderio, nada tem de assombroso o fato de que os monastérios também tivessem sido as primeiras “escolas” medievais. Desde o séculos VII, encontramos monastérios espalhados por todos os países que constituíram o velho Império Romano.

Desaparecidas as escolas pagãs, a igreja se apressou em tomar em suas mãos a instrução pública.

As escolas monásticas eram de duas categorias: umas destinadas à instrução dos futuros monges, chamadas “escolas para oblatas”, em que se ministrava a instrução religiosa necessária para a época,  e outras, destinadas á “instrução da plebe, que eram as verdadeiras “escolas monásticas” – não se ensinava a ler nem a escrever,  a finalidade dessas escolas não era instruir a plebe, mas familiarizar as massas campesinas com as doutrinas cristãs e, ao mesmo tempo mantê-las dóceis e conformadas. Preocupados unicamente em aumentar suas riquezas pela violência e pelo saque, os senhores feudais desprezavam a instrução e a cultura. Ainda que, muitas vezes, soubesse ler, o nobre considerava o escrever como coisas de mulheres.

A nobreza careceu de escolas no sentido estrito, mas não de Educação. A nobreza medieval formava os seus cavaleiros através de sucessivas “iniciações”. O jovem nobre vivia sob a tutela materna até os sete anos, ocasião que entrava como pajem ao serviço de um cavaleiro amigo. Aos quatorze, era promovido a escudeiro, e nessa qualidade acompanhava o seu cavaleiro às guerras, torneios e caçadas. Por volta dos vinte um anos, era armado cavaleiro.
PONCE, Aníbal. Educação e luta de classes. São Paulo: Cortez, 2001. p.81-109.

Encontro 4°
 

A educação do homem antigo


                           


Esparta e Atenas


Para ser eficaz, toda educação imposta pelas classes proprietárias devem seguir as três finalidades essenciais seguintes: primeiro - destruir os vestígios de qualquer tradição inimiga, segundo - consolidar e ampliar sua própria condição de classe dominante e terceiro - prevenir uma possível rebelião das classes dominadas.

O ideal pedagógico já não pode ser o mesmo para todos; não só as classes dominantes têm ideais muito distintos dos da classe dominada, como ainda tentam fazer com que a massa laboriosa aceite essa desigualdade da educação, como uma desigualdade imposta pela natureza das coisas, portanto, contra a qual, seria loucura rebelar-se.

Possuidor de terras, proprietário de escravos e guerreiros, eis aí o homem da classe dominante. Em relação a educação que necessitava esse homem, Esparta e Atenas apresentavam aspectos diferentes.

Quando olhamos friamente, surge em toda a sua expansão o caráter de classe da educação espartana. Sociedade guerreira formada à custa do trabalho ilota e do comércio do perieco, Esparta se apropriava e vivia as expensas do trabalho alheio. Integralmente dedicado a sua função de dominador e guerreiro, o espartano nobre não cultivava outro saber que não fosse o das armas e não só guardava para si esse conhecimento como castigava ferozmente os oprimidos que tentassem se apropriar dos mesmos.

Como maior produtora de mercadorias do que Esparta, as circunstancias não impuseram a Atenas uma organização estritamente militar. As representações nos teatros, conversas em banquetes e as discussões na Ágora reforçavam nos jovens a consciência da sua própria classe, como classe dominante.

Ainda que submetidos a uma disciplina menos brutal do que a que imperava em Esparta, os jovens atenienses também consideravam a guerra como sua ocupação fundamental. Da mesma forma que entre os espartanos, em Atenas havia total desprezo pelo trabalho.

-Roma

Os filhos dos proprietários recebiam sua educação ao lado dos pais, acompanhando-o nos trabalhos, escutando as observações, ajudando-o nas suas tarefas mais simples. Uma vez que a riqueza provinha da terra, era natural que as coisas agrícolas assumissem para os jovens uma importância fundamental.

A agricultura, a guerra e a política constituíam o programa que um romano nobre deveria realizar: para aprendê-lo, a única maneira era a prática.  Aos vinte anos, o jovem nobre que já sabia arar a terra e que havia assistido a alguma batalhas no exército e no senado, estava pronto para a vida pública.

Segundo o conceito dos romanos, o “orador’’ era o homem por excelência. O orador é o verdadeiro político, homem nascido para a administração dos assuntos públicos e privados, capaz de reger o estado com os seus conselhos. Era essa, em suas linhas mestras, a educação e o ideal de um romano.

A necessidade de se fazer uma “nova educação’’ começou a se fazer sentir em Roma a partir do século IV a.C., da mesma forma que, um século atrás, na Grécia, no mesmo momento em que a antiga classe aristocrática e rural, começa a ceder posições a outra classe se firmava, a comerciante e industrial.  O desprezo por toda a forma de trabalho, não deixou ser, por isso, o traço fundamental da nobreza.

Mas como já dissemos anteriormente, a partir do século IV a.C., os membros da nova classe começaram a ter opinião diversa. Achando insuficiente a educação ministrada até então aos nobres, começaram a exigir uma nova educação. Apareceu, então, em Roma, da mesma forma que anteriormente na Grécia , uma turba de professores: os ludimagister, para educação primária, os gramáticos para a média, e os retores, para a superior.

PONCE, Aníbal. Educação e luta de classes. São Paulo: Cortez, 2001. p. 35-80 
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